
É óbvio! É óbvio?
Eu estava no Uber a caminho de casa, ouvindo o novo episódio de um dos meus podcasts favoritos. Enquanto olhava a cidade em movimento pela janela do carro, escutei a seguinte fala vinda do meu fone de ouvido: “eu vou colocar essa preocupação num canto da minha casa para que ela não tome a casa inteira”. Foi como se alguém tivesse dobrado um bilhete e colocado direto no meu bolso. Imediatamente, abri o bloco de notas do meu celular e registrei aquele lembrete ali.
Alguns (muitos) minutos depois, abri a porta de casa com o episódio já chegando ao fim. No encerramento, a host sugeriu, como sempre, que os ouvintes escrevessem nos comentários o trecho que mais os marcou. Arrastei a tela para cima e digitei a frase que tinha me atravessado. Em seguida, passei a ler os comentários de outras pessoas que, em algum momento do dia, também compartilharam daqueles mesmos quarenta minutos de audição. Havia 134 comentários. Nenhum deles era igual ao meu. Duas frases foram mencionadas por quatro ou cinco pessoas, mas, no geral, cada um se apegou a um pedaço diferente do episódio. Os mesmos quarenta minutos.
Isso me fez pensar: por que aquela frase ficou comigo, enquanto para os outros passou despercebida?
Esbarrei com inúmeras possibilidades no meio dessa reflexão. Foram muitos “talvez” orbitando os meus pensamentos. Pode ser que, naquele momento, fosse exatamente aquela frase que eu precisava ouvir. Talvez seja esse o ponto: o que pode ser óbvio para um, pode ser revelador para o outro. Talvez. Tudo depende do instante, das experiências, da bagagem que cada um carrega.
Já fui injusta comigo mesma diversas vezes ao desistir de publicar um texto ou compartilhar um pensamento por acreditar que era óbvio demais. Mas, se nem todo mundo retém as mesmas palavras ao longo de um episódio de podcast, por que eu deveria presumir que já disseram tudo o que eu poderia dizer?
Pode ser que o que parece óbvio para mim seja exatamente o que outra pessoa precisa ouvir hoje.
E, se for o caso, que bom que eu disse.

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