
A revolução do sapo rosa
Era dia de prova de inglês na escola. Uma das questões pedia para que pintássemos o desenho de um sapo de “green” (verde). Peguei meu lápis de cor e comecei a colorir o desenho com toda confiança que uma criança de seis anos pode ter. Enquanto pintava minha obra-prima mais verde de todos os tempos, dei uma espiada para o lado e vi uma cena que me deixou perplexa: uma das minhas colegas estava colorindo o sapo de rosa. ROSA!
Eu simplesmente não consegui ignorar aquilo. Então, com a melhor das intenções, escrevi um bilhetinho com a instrução correta e, disfarçadamente, o deixei na mesa dela. “Missão cumprida”, pensei. Eu esperava que ela me agradecesse mentalmente por salvá-la de perder dois pontos na prova, mas, na verdade, não foi bem assim.
Eis que, pouco tempo depois de ler o que escrevi no pedaço de papel, minha colega se levanta da cadeira com o papelzinho em mãos. Prendi a respiração e senti minhas bochechas queimarem. “Não me diz que…” sim. Ela foi até a professora e entregou o bilhete, apontando diretamente para mim. Meu estômago deu um nó e tudo o que eu mais queria naquele momento era ter o poder da invisibilidade.
Aquela foi a primeira (e única) vez ao longo de todo o meu ensino fundamental que me atrevi a passar cola para alguém. Os anos foram passando, e acabei ganhando a reputação de “nerd da turma”. Meus colegas passavam o intervalo inteiro reclamando que eu não ajudava em nada, só porque eu não passava cola. E eu lá iria botar minha mão no fogo pra quebrar a cara de novo? Vai que me entregam pra direção!
Recorro a essa lembrança para te dizer que, por mais que suas intenções sejam realmente boas para tentar ajudar alguém, às vezes essa pessoa não quer ser ajudada. Talvez ela nem estivesse preocupada com a nota da prova e só quisesse mesmo pintar o sapo com a cor favorita dela em um ato revolucionário. E, o melhor: eu não tinha nada a ver com isso.

Acontece com frequência

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