crônicas

O autocuidado não vai na sacola

Ontem resolvi passar em uma loja de cosméticos para comprar um esfoliante, desses que prometem deixar a pele lisinha — e, vou te dizer, funciona mesmo. Enquanto eu pagava, a vendedora, super simpática, sorriu e soltou: “investir em autocuidado é realmente muito importante”. Eu concordei, claro. Mas, no caminho de volta pra casa, com a sacolinha balançando na mão, comecei a pensar: será que o autocuidado cabe mesmo aqui dentro?

Logo pensei no que vejo todos os dias nas redes sociais. Rotinas de skincare, refeições saudáveis e dicas de beleza. Isso é autocuidado! Ou será que não? Claro, isso faz parte, sem dúvida. Mas será que a gente não está reduzindo algo tão essencial a produtos e hábitos tão superficiais?

Pra mim, autocuidado também é escrever aquelas palavras que não conseguem ser formadas somente no pensamento e precisam de ajuda para serem conectadas. O autocuidado também se manifesta naquela escapada de 20 minutos do trabalho remoto para tomar um daqueles banhos que deixam o espelho todo embaçado, trazendo a calmaria através do vapor da água. Autocuidado também é impor limites e dizer para a sua amiga que você não quer mais ouvir as fofocas bafônicas sobre a vida da pessoa que um dia te fez mal.

É sobre entender que o autocuidado nunca vai caber em uma sacola. Ele mora nas sensações que o nosso corpo e mente experimentam que geram conexão com a nossa alma. No fim das contas, o autocuidado carrega aquelas três letrinhas mágicas que, unidas, são capazes de curar as nossas guerras internas: p-a-z.

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