
O clube dos sem clube
Clássica cena de comédia romântica adolescente: de um lado, um grupo animado contando histórias e rindo de piadas que parecem ter nascido muito antes da conversa começar; do outro, tem aqueles que apenas observam, ocupando as bordas da cena — onde os risos chegam, mas o pertencimento não. Onde, de repente, o celular se torna a alternativa mais interessante, o silêncio vira um cantinho confortável e já não é mais possível falar sem antes ensaiar uma frase — e, ainda assim, desistir no último segundo.
Na vida, eu já estive nos dois lados dessa cena. Mas, hoje, minha conversa é com você, que sente nunca ter saído do último.
Ser a peça que não se encaixa é, definitivamente, o talento que ninguém quer ter. Lembro das vezes em que me vi nessa situação, dominando a arte de rir nos momentos certos só pra me convencer de que fazia parte de algo. Enquanto isso, minha mente sussurrava comentários nada úteis. “Tem certeza de que não está atrapalhando?” ou “ninguém vai entender o seu ponto… melhor não dizer nada”.
Na infância, sempre tinha aquela criança que já desenhava bem, tocava um instrumento ou parecia ter nascido com um dom especial. Os adultos diziam “nossa, que talento!” e pronto, aquilo virava parte dela. Enquanto isso, quem não mostrava nada tão evidente ia ficando de lado — ou, pior, achando que não tinha nada de interessante para mostrar. Eu me encaixava nesse segundo grupo e, sem perceber, comecei a acreditar que eu simplesmente não tinha talento algum.
Oras, ninguém nasce sabendo. Todo grande talento já foi um começo desajeitado. Já foi o primeiro acorde estranho, o desenho torto, a frase que não fazia sentido. O problema é que, quando a gente cresce sem enxergar o valor desses tropeços, acabamos acreditando que nunca teremos algo para oferecer. E então vem aquele ciclo cruel: não tentamos porque achamos que não somos bons, mas nunca seremos bons porque não tentamos.
Mas vem cá, deixa eu te falar a real? Se ninguém te ensinou a persistir, escolha ensinar a si mesmo. Encontre um ponto de partida e comece. Pequeno. Não para ser incrível, nem para impressionar. Apenas pra ver onde isso te leva. Às vezes, a sensação de pertencimento não vem de estar em um grupo, mas de encontrar algo que te faça querer ficar.
Ficar. Em si mesmo.

Se cerque de boas influências
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