
Para todas as roupas que não vesti hoje
São sete horas da manhã de uma terça-feira. Abro o guarda-roupa e me deparo com dezenas de opções para o dia, cada peça me encarando com uma pergunta silenciosa. É como olhar para o cardápio do meu restaurante favorito e tentar fazer uma sábia escolha: pedir o ‘de sempre’; ou me aventurar em uma novidade. Ok, fica calma. Aquela roupa está no meu “cardápio” porque eu gosto dela. Se eu não gostasse, ela jamais ganharia um cabide próprio… certo?
Será que vai chover hoje? Pego o meu celular e olho a previsão do tempo: chances de precipitação, 20%; temperatura máxima, 27 °C. Ok, tô segura. É mais um dia nublado, como todos da semana passada. Só preciso vestir uma roupa prática e confortável e, por segurança, deixar o guarda-chuva dentro da mochila. Certo, mas porque continuo aqui parada?
Olho novamente para o lado direito do guarda-roupa e vejo uma camisa social que já não uso há séculos. E se eu fosse um pouco mais arrumada hoje? Antes que eu pudesse pensar na resposta, outra pergunta aparece: e se, ao longo do dia, a roupa parecer exagerada, fora de lugar? Uma peça de roupa me quebrando em plena terça.
Os minutos passam e percebo que estou presa em mais uma indecisão. Gostei dessa, mas acho que eu poderia usá-la amanhã. Afinal, azul combina com quarta-feira e na previsão do tempo disse que… por que eu tô pensando nisso? Preciso me apressar logo ou vou chegar atrasada! Como é que uma escolha simples se torna tão complicada?
Respiro fundo. Talvez o problema não esteja no que escolho vestir, mas na necessidade de acertar sempre, de controlar cada detalhe. Ao invés de tentar prever o que me fará bem hoje, talvez eu deva apenas escolher algo que combine com o agora — e deixar as escolhas de amanhã para o meu “eu” de amanhã. Vai ver, ele nem queira usar azul.

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