crônicas

Pode entrar, 2025!

Nunca faço planos para a virada do ano, e dessa vez não foi diferente. Enquanto os stories do Instagram pareciam explodir em fogos de artifício, festas e viagens, minha casa estava em silêncio. Não o silêncio do vazio, mas aquele em que cabem risos, cantoria desafinada e lembranças de outras épocas.

O ano virou sem glamour, sem praia, sem multidão. Só nós quatro: eu, minha mãe, meu pai e meu namorado. Bastou uma caixa de som e uma luminária de festa para o meu quintal se tornar o verdadeiro palco do show da virada. A playlist virou uma máquina do tempo: meu pai, a juventude dos anos 80 e rock nacional. Minha mãe, os pagodes icônicos da década passada. Meu namorado, rap e hip-hop. Eu, pop internacional. Cada um teve a chance de brilhar com o próprio estilo.

Pouco antes dos ponteiros se sobreporem, reencontrei uma parte de mim que há tempos estava quieta. Busquei meu sapato de sapateado no lugar onde ele sempre esteve. Calcei e voltei para o nosso palco, dançando a coreografia que apresentei no espetáculo de 2009 e jamais esqueci. Ao som de “I Want You Back”, meus pais me olhavam alegres, lembrando daquela menininha de sete anos que mantinha um sorriso intacto no rosto diante de uma plateia. Não faltaram aplausos, é claro.

Depois, minha mãe assumiu o palco. Ao som de Capital Inicial, cantou e dançou de olhos fechados — “para sentir a música”, como ela mesma disse. E foi ali, em meio a passos tortos, gargalhadas e palmas, que percebi: o ano novo não precisa ser sobre lugares novos, mas sobre momentos cheios.

Seja bem-vindo, 2025!

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