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Resenha: ‘Antes que o café esfrie’, de Toshikazu Kawaguchi

Uma cafeteria, um mistério e uma pergunta incômoda: será que voltar ao passado faria alguma diferença no futuro?

Viagem no tempo é um universo fictício no qual eu particularmente AMO mergulhar. Meu filme preferido, inclusive, gira em torno desse tema. No entanto, confesso que ultimamente ando precisando fazer as pazes com os ponteiros do relógio. Vida adulta… sabe como é, né?

Enquanto pesquisava minhas próximas histórias no Kindle, me deparei com Antes que o café esfrie. A obra, escrita por Toshikazu Kawaguchi, é o primeiro volume da série homônima de quatro livros. Apesar de ser novata no mundo dos romances literários (sim, sou do time da não-ficção 🫣), confesso que o enredo me ganhou logo na sinopse. Por isso, hoje vim aqui para compartilhar as minhas impressões sobre a obra — sem spoilers, é claro. Vem comigo?

O livro

A história se passa em uma cafeteria centenária de Tóquio, localizada no subsolo de uma ruazinha estreita. Embora o cuidado e a excelência no preparo de cafés chamem atenção, o estabelecimento ficou popular entre os clientes por outro motivo: uma lenda urbana dizia que, nesta cafeteria, seria possível viajar no tempo. Devido às regras e grandes riscos envolvidos, muitos desistem de embarcar nessa experiência peculiar. Afinal, por mais que a viagem para o passado fosse possível, o presente permaneceria inalterado. Apesar disso, quatro personagens decidem seguir em frente na tentativa de resolver dramas do passado e verificar, de perto, se tudo isso não passa de um mito. Mas o tempo é curto — e, se o café esfriar antes do retorno, as consequências podem ser irreversíveis.

A história é dividida em quatro capítulos interligados, cada um nomeado de acordo com a relação entre os personagens centrais. No primeiro, acompanhamos a turbulência no namoro de um casal devido a uma grande oportunidade no trabalho. No segundo capítulo, conhecemos um homem que deseja entregar uma carta à esposa, mas a viagem no tempo toma um rumo inesperado. O terceiro nos apresenta duas irmãs que se distanciaram ao longo dos anos e, após uma tragédia, tentam reaproximar os laços. Por último, o quarto capítulo traz uma história que conecta todos os personagens de maneira surpreendente, encerrando a trama. Conforme avançamos na leitura, é possível perceber que, mais do que viagens no tempo, cada capítulo trata de reencontros, despedidas e das palavras que muitas vezes deixamos de dizer.

💡 CURIOSIDADE: Antes de ser adaptada para um romance, a história de “Antes que o café esfrie” foi escrita, pelo próprio Kawaguchi, originalmente como uma peça de teatro.

Estilo do autor

O livro é narrado em terceira pessoa e tem uma escrita que flui com suavidade. Kawaguchi usa uma linguagem delicada e objetiva, sem exageros emocionais — o que se encaixa perfeitamente na proposta da história. A narrativa inclui cenas de flashbacks, e mesmo lendo pelo Kindle, percebi que a diagramação foi bem pensada para dividir as mudanças temporais sem confundir quem está lendo.

Algo que me chamou a atenção foi o uso preciso de recursos linguísticos para tornar a obra atemporal. Por exemplo: em vez de dizer “eu quero voltar ao ano de 2022”, os personagens falam “eu quero ir para três anos atrás”. É um detalhe bem sutil, mas que me cativou, pois faz com que o “presente” da história acompanhe o presente do leitor, criando uma imersão ainda maior nesse universo.

Minhas impressões

“Antes que o café esfrie” me conquistou aos poucos. A proposta da história é simples, mas carrega uma sensibilidade que só fica mais evidente conforme avançamos na leitura. Além disso, os dilemas apresentados são universais — é impossível não se identificar em algum momento.

No entanto, confesso que precisei de um tempo (ou melhor, páginas hahahah) para me conectar com a história. Embora eu já consuma conteúdos do leste asiático, essa foi minha primeira experiência literária com uma narrativa japonesa. E, além disso, (ainda) não costumo ler romances. No começo foi desafiador me ambientar na história devido a pouca descrição das características físicas dos personagens — além dos nomes diferentes, é claro.

Felizmente, à medida que a trama avançava, passei a compreender melhor as dinâmicas da cafeteria e as “quebras” na narrativa, além da vasta bagagem emocional dos personagens. Sem dúvidas, a melhor decisão que tomei foi seguir com a leitura!

⏳ Tempo de leitura: tendo em vista as 208 páginas, o considero um livro curto. Eu li cerca de 90% da história no transporte, à caminho do trabalho, e como leio mais rápido pelo Kindle, estimo que levei em torno de 4 e 5 horas (espaçadas) para finalizar essa leitura. No geral, acredito que o ritmo da leitura fluiu super bem.

📌 Indico este livro para: pessoas que gostam de narrativas reflexivas e emocionantes, que vejam valor nos detalhes sutis e implícitos. Se você, assim como eu, curte histórias que não entregam tudo mastigado e deixam espaço para interpretação, vai gostar dessa leitura!

⭐ Nota: 4,0 estrelas

Título: Antes que o café esfrie
Autor: Toshikazu Kawaguchi
Tradução: Priscila Catão
Editora: Valentina
Número de páginas: 208
Ano de lançamento: 2022

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E aí, já leu esse livro ou ficou curiosa pra saber o que acontece nele? Me conta o que achou (ou se leria) aqui nos comentários! ☕💬

Um comentário

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